domingo, 9 de maio de 2021

Como dormem as marias moles? Quando Deus é quem responde.

 

Imagem com o gato Epifânio debaixo de uma árvore e apresentando o conteúdo “Como dormem as marias moles?”
Como dormem as marias moles? Uma pergunta de meu tempo de menina que me havia ficado sem resposta. Entre os arbustos e o capim do meu quintal, Deus encontrou o caminho para me mostrar.


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COMO DORMEM AS MARIAS MOLES?

QUANDO DEUS É QUEM RESPONDE

 

O QUINTAL SOB MUDANÇA: DEUS ENTRE ARBUSTOS E CAPINS

 

O quintal de nossa casa passava por mudança. Mudava aquele tipo de vegetação meio arbustiva. Um tipo de mato que nem crescia tanto, mas incomodava mais do que crescia. Todo ano ela se mostrava pelo menos de duas maneiras. Quando iniciava o ano e as chuvas chegavam, seus arbustos davam um jeito de chegar junto. Chegavam com seus galhos retorcidos bem escondidos sob o verde de densas folhagens. Mostravam que a beleza da natureza não estava apenas nas grandes árvores. Nem nos bosques de vales verdejantes a qualquer tempo. Também bem ali fincada entre uma pedra e outra a meio metro do chão pedregoso de nosso quintal.

Mas antes que o ano chegasse pelo seu meio, já não se via o verde das folhas. Já não se viam as folhas. Apenas os troncos retorcidos a se curvarem mais ainda na secura que logo os faria sucumbir. Antes mesmo que se aproximassem as próximas chuvas. E muitas vezes nem era preciso as próximas chuvas. Antes de sua chegada, minha machadinha já havia passado pelo caminho levando ao chão o que de arbustos ainda restara. Ou eu já lhe havia mostrado o quanto que o mal se cortava pela raiz quando era a enxada a protagonista do arranque.

Mas naquele ano mais do que matos retorcidos e inflexíveis era a mudança que eu via. Já não havia tantos arbustos como nos anos anteriores. Entre um combo e outro de galhos retorcidos, um forasteiro parecia tomar lugar.  Um capim que se estendia por todos os lugares do quintal com ares de quem chegava para ficar.  Os arbustos outrora tão dominantes pareciam recuar frente à impetuosidade daquele capim que nem se mostrava tão monstro. Parecia pequeno demais para ser temido. Mas sua força parecia estar nas raízes, que não paravam de crescer nem de se germinar e pareciam dominar o embate sob o solo à revelia de quaisquer olhos.

Naquele momento, eu não via nada além do que aquela mudança. Mas inicialmente acanhada não demorou muito para que eu a percebesse completa. Antes que as chuvas se findassem naquele ano, já não havia o mato retorcido com sua folhagem densa. Apenas uma extensa camada de capim a se estender pelos quatro cantos do quintal. De ponta a ponta era o que se via. Um tapete verde que logo os meus gatos e as minhas gatas o adotaram como lugar de brincar, de correr, de se deitar, de dormir e de se rolar. Cena comum aos meus olhos nas primeiras horas da manhã antes que o sol se erguesse; e no final da tarde, antes que ele declinasse total no longínquo vermelho do horizonte.

Imagem de um gato preto deitado sobre o capim verde.
Capim sempre verde no quintal: providência de Deus e alegria dos gatos com os quais eu moro.


Foi inevitável então não vê o dedo de Deus naquela mudança. Inevitável não agradecer ao Senhor e meu Pai as bênçãos recebidas com aquela mudança. Uma graça e tanto! No início, quando me pus a arrancar aquele capim sob a ideia de limpar o quintal, logo percebi a minha insensatez. Não precisava limpar, ele estava perfeito no seu jeito de ser e de se esparramar pelo quintal.

Então foi que vi o quanto Deus me poupava de trabalho. Por todo aquele ano e no seguinte não me preocupei tanto com o limpar do quintal. Salvo quando algum arbusto teimoso insistia em nascer numa ponta ou noutra. Nesse acontecer, a minha mão não descansava enquanto não ia até ele com a machadinha empunhada. De um corte ou de um arranque ele não se livrava.

Mas aquela mudança não fora a única manifestação de Deus naquele quintal. Cheguei a acreditar que se tornara um quintal abençoado de tanto que eu via Deus em meu auxílio. Nele, o dedo da Providência continuava apontado para mim também de outra forma. Eu devastava o mato talvez um dos últimos que crescia por ali quando esbarrei num pé de maria mole.

Então logo entendi: coisa de Deus! Só não sabia o que realmente era. Mas aquela maria mole ganhava altura e um dia tudo se esclareceu. Era um dos caminhos de Deus para me trazer a resposta que eu não obtivera no meu tempo de menina. É sobre essa história que trato nas seções seguintes. Confira! E veja como Deus realmente guarda tudo de nós e nos revela em momento oportuno quando o inserimos em nossa vida ordinária.

 

A MARIA MOLE DO MEU TEMPO DE MENINA 

Eu avançava destemida naquele arrancar de matos pela raiz. O sol ainda estava longe de chegar quando tomei postos. A enxada se mostrara inadequada. Tirava as pedras do lugar e as deixava soltas por todos os lugares. Um risco para os pés. A machadinha já não fazia falta. Então as mãos se revelavam a alternativa plausível. Envoltas em sacos plásticos em forma de luvas. Uma proteção tímida, inclusive contra possíveis lagartas.   Mas protegia. Dava conta do seu recado. Assim eu seguia no meu arrancar os matos do quintal. Nessa hora os gatos e as gatas aproveitavam para perambular por ali. Suas presenças eram constantes em todos os lugares onde eu estava. Salvo quando dormiam em seus cantos e recantos.

Então entre um mato e outro, eis que um pé de maria mole saltou aos meus olhos. Não que tentasse se prevenir de uma possível arrancada. Mas porque naturalmente se destacava entre os arbustos que ali rondavam. Exatamente porque não era um arbusto. Nem outro mato qualquer. Nem uma vegetação daquelas rasteiras que se arranca sem piedade. Nem uma daquelas que se cortam sem consciência alguma da preservação que lhe cabe.

Imagem com um pé de maria mole entre capim e arbustos.
Pé de maria mole no quintal de nossa casa: Deus criando o seu caminho.


Era uma das marias moles dos meus tempos de menina. Aquelas cujas folhas me ficaram impregnadas desde aqueles tempos vividos. Aqueles tempos que a minha memória não me deixara esquecer. Embora eu não os buscasse. Mas por uma razão qualquer, Deus os trazia de volta naquele pé de maria mole. Sem que eu nem lhe pedisse, ele me lançara o dito cujo bem nos meus olhos. Não havia como não o vê.

As marias moles compunham a vegetação nativa do meu bairro do meu tempo de menina, lá pelos idos anos de mil novecentos e sessenta. As marias moles dos anuns e dos xexéus; dos canários e dos galos de campina; dos chicos pretos; dos passarinhos de muitas das suas cores. As marias moles que nos abrigava do sol no pico do meio-dia quando as pessoas mais velhas descansavam dentro de casa e não queriam os vai e vens das meninas e dos meninos correndo dentro de casa. As marias moles por onde tantas vezes brincamos de nos esconder em nossas brincadeiras de ronda.

Então ao ver uma delas bem ali eu não tive alternativa senão gritar: meu Deus, um pé de maria mole! Há quanto tempo! E logo vi nele uma ação de Deus porque há muito tempo não se viam marias moles naquela minha região de morada. Muito menos no quintal de nossa casa. As marias moles haviam desaparecido do nosso meio desde que o asfalto e as casas tomaram o seu lugar. Então só podia ser um presente de Deus por tudo o que a maria mole participara da minha vida no meu tempo de menina.

Só depois eu saberia que era Deus em meu auxílio. Aquela maria mole tinha a ver com uma pergunta que me havia ficado sem resposta lá naqueles tempos. A resposta da pergunta que certamente não ousara fazer por não me atrever a dirigir a palavra a uma pessoa mais velha. Calar e abaixar a cabeça era o que eu sabia. Então eu ficava sem saber, dava o não sabido por não me interessa, e ia brincar, o que me competia como menina.  Quer saber a resposta que Deus me trazia? Veja a seção seguinte.


ASSIM DORMEM AS MARIAS MOLES

Eu não tinha dúvidas de que aquele pé de maria mole era presente de Deus, então era para ser preservado. Assim entendi. Assim o fiz e o afirmei a quem estranhou a sua preservação. Deixar crescer um pé de maria mole?! Sim, é meu presente de Deus. Tornou-se então o destaque do quintal. E da varanda da cozinha eu o via crescer dia após dia. Ele nascera estrategicamente posicionado de frente para a porta da cozinha. Quando a abria pela manhã, ele estava no centro do meu olhar.

Foi dessa posição que, certo dia ao cair da noite, ao chegar à porta da cozinha e olhar para o quintal, vi cair sobre as folhas da maria mole feixes de luzes como as atravessarem por todos os lados. Elas se iluminaram diante de mim. Diante de tal visão então não me contive e num rompante de alegria exclamei: “Meu Deus, as marias moles dormem! Bem que a titia dizia!...”.

No mesmo instante, eu me vi transportada para um momento de minha vida que jamais lembraria sem a intervenção de Deus. Eu olhando para a minha tia lá em frente a sua casa. Era noite. Eu tão menininha segurando o braço da cadeira onde ela estava. Ela no seu jeito tão peculiar de se sentar com a cabeça declinada para trás e apoiada no encosto da cadeira. Os olhos fechados como a cochilar. Era o seu jeito característico de descansar à caída da noite depois de mais um dia de trabalho.

Então lembrei: naquele momento ela certamente dizia: “meninos, deixem as marias moles dormir!” Então àquela hora os meninos certamente brincavam de se esconder entre os pés de marias moles. Eles formavam vasta vegetação logo depois dali no atravessar da rua. Não era certo se eu também brincava. A lembrança que me ocorria me mostrava ainda muito menininha. 

O meu momento de correr por entre as marias moles talvez ainda não tivesse chegado. Ou talvez sim porque já havia o poste de luz ali próximo onde estava minha tia.   E no tempo do poste de luz, eu já dava conta de mim. Era o poste da luz a ronda, o lugar onde tínhamos que tocar antes que o nosso perseguidor nos tocasse. Ser tocado significava ficar na ronda enquanto os demais e as demais se escondiam para só então sair à procura deles e delas.

Mas o certo é que também compartilhei daquelas brincadeiras. Talvez aquele fosse o meu momento de ronda. O momento em que ouvia minha tia pedir que deixássemos as marias moles dormir. Algo que eu jamais entendera. Como dormiam as marias moles? Mas talvez não ousasse perguntar. Certamente não me atrevi a perguntar. Era uma ousadia e um atrevimento conversar com as pessoas mais velhas. Algo que eu nunca aprendi.  Não no meu tempo de menina. Nunca fui atrevida. Nunca fui ousada. Não no enfrentamento aos mais velhos e às mais velhas. Então a resposta àquela pergunta eu ficaria sem saber por toda a minha vida. Cairia no meu esquecimento. Em algum escaninho de minha memória e lá ficaria por toda a minha existência.

Mas Deus que tudo sabe e tudo vê e tudo guarda acabava de me trazer a resposta. Aqueles feixes de luzes me mostravam como dormiam as marias moles. As folhas que eu sempre via espalmadas durante o dia estavam à noite fechadas uma sobre a outra formando uma fileira de pares. Não me cansei de olhar maravilhada aquelas folhas. Tão rentes uma pétala sobre a outra. Cada uma com o seu par. No dia seguinte então me levantei mais cedo para aguardar o seu acordar. Sob a luz do sol, elas foram se abrindo uma a uma como quem não tem pressa. Como quem conhece o seu tempo. O tempo de se abrir e o tempo de se fechar. O tempo de dormir e o tempo de acordar.

Imagem de um pé de maria mole com suas folhas fechadas.
As folhas fechadas: Deus me mostrando como dormem as marias moles.


Então mais uma vez eu via o dedo de Deus em meu auxílio. Se ninguém me dera aquela resposta naqueles tempos, muito menos nestes. Além do mais, somente Deus sabia da ausência de tal resposta em minha vida. Não que fizesse alguma diferença ao meu viver. Pelo menos eu não via diferença alguma. Mas apenas que significava muito para mim porque me fazia ver o zelo de Deus para comigo.  Só depois eu saberia que era apenas o início de outros descortinares que ele me faria. Mas até então eu já me sentia muito protegida de Deus. E sobretudo muito agradecida por sua bondade para comigo. Afinal, desde anos antes ele já o demonstrara. E eu apenas maravilhada com sua presença em minha vida.

Você terminou de conhecer mais um conteúdo do caminho Meus Atos de Fé em Deus.

Espero que tenha gostado e continue na sequência.

A você, meus agradecimentos.

Deus esteja com você!

Sônia Ferreira

Teresina, 09 de maio de 2021.

 

 

Imagem com o gato Epifânio deitado sobre uma relva verde e convidando leitores e leitoras a se inscreverem no blog e o seguir.
Epifânio: o guia dos conteúdos deste caminho Atos de Fé em Deus.



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