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DEUS DOS PROFETAS E DOS ANJOS E DEUS DE JESUS CRISTO
O DEUS ÚNICO E VERDADEIRO
INTRODUÇÃO
No conteúdo anterior sobre o conceito de Deus, refiro-me a atributos de Deus que o qualificam como Todo Poderoso e Deus Criador: o
Deus onisciente, onipresente e onipotente. Como Criador de todas as coisas, ao
criar o homem e a mulher com livre arbítrio, atribuiu-se a si próprio o desafio
de nos fazer viver na observância à sua instrução para que nos construíssemos à
sua imagem e semelhança.
Para isso, ele procurou nos instruir de todas as formas para que nós, como sua criação humana, pudéssemos aprender a sua lei, os seus caminhos, os seus ensinamentos. Primeiro, por meio de um povo, o povo escolhido, que recebeu a instrução de Deus por meio de seus patriarcas e de profetas oriundos do próprio povo. Profetas esses que falavam indistintamente ao povo e a governantes que contrariavam as leis do Senhor. Depois, mediante Jesus Cristo, o próprio Deus assumindo uma dimensão humana como Filho para nos instruir diretamente, o Deus humanado.
É sobre esses meios aos quais se refere este conteúdo: os meios utilizados por
Deus para nos instruir a viver conforme a sua Lei e aprender a prática
da fé: o único meio pelo qual podemos conhecê-lo e o seguir; o único meio pelo qual podemos vivenciar seus ensinamentos e compreender a sua racionalidade.
DEUS DOS PROFETAS E DOS ANJOS
´Textos bíblicos revelam que desde o início da construção da Humanidade que o homem e a mulher tendem
para o mal. Por isso, Deus desejou exterminar a sua criação humana tão logo a percebeu tendente ao mal. Mas por Noé, ele a manteve. Noé havia obtido graça aos olhos do Senhor por ser "um homem justo e perfeito
no meio dos homens de sua geração. Ele andava com Deus.” (Gn 6, 8-9). Sobreviveu
ao dilúvio. Ele e sua família. Depois desse feito, o Senhor disse em seu coração:
“Doravante não mais amaldiçoarei a terra por causa do homem – porque os pensamentos do seu coração são maus desde a sua juventude –, e não ferirei mais todos os seres vivos, como o fiz. Enquanto durar a terra, não mais cessarão a sementeira e a colheita, o frio e o calor, o verão e o inverno, o dia e a noite.” (Gn 8, 21-22).
Da descendência de Noé, Abraão foi o escolhido de Deus para gerar uma grande
nação. Foi obediente ao Senhor ao sair de sua terra com mulher e filho para Canaã,
a terra que Deus lhe indicara e prometera à sua descendência. No entanto, advertira a Abraão que somente ao alcançar a sua quarta geração é que tomaria posse da terra prometida. Cumprido esse tempo e instalado em sua nova terra, Deus lhe apareceu e lhe disse:
‘Eu
sou o Deus Todo Poderoso. Anda em minha presença e sê íntegro; quero fazer
aliança contigo e multiplicarei ao infinito a tua descendência’. Abrão
prostrou-se com o rosto por terra. Deus disse-lhe: ‘Este é o pacto que faço
contigo: serás o pai de uma multidão de povos. De agora em diante, não te
chamarás mais Abrão, e sim Abraão, porque farei de ti o pai de uma multidão de
povos. Tornarei a ti extremamente fecundo, farei nascer de ti nações e terás
reis por descendentes. Faço aliança contigo e com tua posteridade, uma aliança
eterna, de geração em geração, para que eu seja o teu Deus e o Deus de tua
posteridade. Darei a ti e a teus descendentes depois de ti a terra em que moras
como peregrino, toda a terra de Canaã, em possessão perpétua, e serei o teu Deus.”
(Gn 17, 1-8).
Assim Deus investia na construção da Humanidade e tudo o que pediu foi
que o reconhecêssemos como o nosso Deus. Nessa construção, utilizou-se
inicialmente dos profetas: homens comuns ungidos por Deus para transmitir a sua
mensagem ao povo. Primeiro, ao povo escolhido. Depois, ao povo indistintamente,
inclusive a reis cujas práticas contrariavam os mandamentos do Senhor.
Deus orientava os profetas por meio de visões e de sonhos. Às vezes eles eram ouvidos, e o povo a quem se destinavam observava a sua mensagem; noutras vezes, não. Quando a observavam, Deus os fortalecia em suas ações; ou seja, devido à obediência à instrução do Senhor as ações do povo que a observava prosperavam, alcançavam bons êxitos. Quando não a obedeciam, Deus os punia de alguma forma.
O povo hebreu foi o povo escolhido de Deus para receber a instrução por
meio de seus profetas. Destes, o maior foi Moisés com o qual Deus falava
diretamente. No entanto, a despeito de todas as tentativas e de todos os
ensinamentos, o povo se desviava das instruções de Deus. Apesar de Deus os ter tirado da
escravidão, provido a todos no deserto e dado vida boa na terra prometida, era sempre
mais fácil seguir os ensinamentos do mundo do que os mandamentos de Deus. Por
isso, Deus não cessava de os repreender. Com a repreensão, alguns o seguia;
outros não. Assim nos revelam os profetas.
O profeta Ageu, por exemplo, recebeu mensagens de Deus para as transmitir
ao governador de Judá e ao sumo sacerdote. Deus os repreendia pelo fato de
observarem mais os seus interesses do que os interesses do Senhor. Pelo relato
bíblico, a repreensão ocorreu nos seguintes termos: “Esperastes uma abundante
colheita e esta foi magra; [...]. Porque minha casa está em ruínas, enquanto
cada um de vós só tem cuidado da sua. Por isso, o céu negou o seu orvalho e a
terra, os seus frutos.” (Ag 1, 9-10).
Com essas palavras, Deus os advertiu acerca das dificuldades pelas quais passavam em decorrência de não observarem seus mandamentos para com o Templo do Senhor, o lugar de sua glorificação. O governador e todo o povo ouviram as palavras do Senhor e atenderam à sua recomendação. Deus os abençoou e os potencializou na prosperidade, devolvendo-lhe a paz e honrando em poder o governador diante de todas as nações. O Reino de Judá prosperou pela obediência ao Senhor.
Noutras circunstâncias, o profeta Amós revela as mensagens de Deus repreendendo o mesmo povo escolhido, mas a parte que habitava no Reino de Israel. Por meio de Amós, Deus advertira ao rei e ao povo que Israel seria destruído em decorrência de suas transgressões. Haviam desprezado a Lei do Senhor e os seus mandamentos. A despeito de todas as punições impostas devido aos desmandos do rei e às transgressões do povo, não se voltavam para Deus.
Inclusive, em vez de o povo o aclamar como Deus único e verdadeiro, seguia os deuses venerados pelo povo não escolhido. Isso muito desagradava a Deus, pois se tratava do seu povo, o povo que ele escolhera “dentre
todas as raças da terra" (Am 3, 2); por isso os castigaria por todas as suas iniquidades, como assim nos diz o texto bíblico.
“Porque vou dar ordens; vou sacudir a casa de Israel entre todas as nações, como se sacode o grão na peneira sem que um só grão caia por terra. Todos os pecadores do meu povo perecerão pela espada, embora digam: ‘Não seremos atingidos, não virá sobre nós o mal’.” (Am 9, 9-10).
Deus falou a Amós por meio de visão dois anos antes do tremor da terra de
Israel. Os israelitas não o ouviram em suas mensagens e não observaram as
recomendações do Senhor por meio delas. Inclusive, quando Deus se manifestou ao
profeta Ezequias para que ele transmitisse aos israelitas as suas mensagens, advertiu ao profeta de que se ele fosse a um povo de linguagem incompreensível
seria ouvido, mas não o seria em se tratando dos israelitas, porque eles lhe haviam virado as costas e não o
queriam atender. Mesmo assim, o Senhor enviava o profeta.
Ao falar ao povo por meio dos profetas, Deus procurava nos instruir na prática dos seus ensinamentos e nela nos corrigir. Por isso, muitas vezes suas
mensagens eram de advertência e repreensão a pessoas ou a governos, sempre
na perspectiva de fazer evoluir a sua criação humana. De certa forma, era
colocar a Humanidade no caminho da Lei de Deus ainda no início da sua
construção quando esse início já se revelava bastante desviante.
Assim como nos transmitia suas mensagens por meio dos profetas, Deus o
fazia também por meio dos anjos. Porém, com a diferença de que os profetas
transmitiam mensagens de advertência ou repreensão àqueles e àquelas que
contrariavam os ensinamentos da Lei de Deus. Mensagens que uma vez observadas
instruíam o povo à conversão e à adoção de estilos de vida compatíveis com os
mandamentos de Deus.
De outra forma, os anjos eram mensageiros de Deus a pessoas específicas.
Transmitiam mensagens de boas novas e ajuda a determinadas pessoas que alcançavam a graça do
Senhor; ou seja, pessoas que estavam na proteção de Deus por cumprirem os seus ensinamentos, por viverem sua vida em obediência e fidelidade a Deus. Logo, os
anjos estavam a serviço de Deus em prol daqueles que teriam a salvação. Afinal,
“Não são todos os anjos espíritos a serviço de Deus, que lhes confia missões
para o bem daqueles que devem herdar a salvação?” (Hb 1, 14).
Um caso bastante conhecido de pessoa agraciada com a visita de um anjo é
o de Maria, mãe de Jesus Cristo. Entre todas as mulheres, ela foi a mais cheia
de graça aos olhos de Deus. A singular. Única. Por isso, a mãe do Salvador. Deus
lhe enviou o anjo Gabriel para lhe anunciar a Boa Nova. Assim também aconteceu
com Isabel, mulher de Jacó. Ela recebeu a mensagem de Deus também por meio do
anjo Gabriel. Ele lhe anunciou que ela seria mãe de João Batista. As duas foram
naturalmente agraciadas por Deus.
Como elas, também receberam a visita de anjos: José, esposo de Maria,
considerado homem justo aos olhos do Senhor. Tobit e Sara tiveram suas orações
ouvidas simultaneamente pelo Senhor e atendidas. Deus lhes enviou o anjo Rafael
para lhes ajudar em suas aflições. Viviam em regiões diferentes e não se conheciam. Mas conheciam
Deus e eram agradáveis aos olhos do Senhor.
Assim também Abraão e Sara. Deus lhes enviou anjos para lhes anunciar que
teriam um filho. Tiveram Isaac, embora já fossem de idade bastante avançada. Mas
Abraão era agradável aos olhos do Senhor, tanto que Deus lhe apareceu
diretamente para lhe falar da sua promessa para ele e toda a sua descendência.
Começando por Abraão, Deus iniciava o seu propósito de colocar a
Humanidade nos caminhos da fé. Abraão era o ícone da fé e da obediência a Deus.
Ele não temeu quando Deus lhe pediu o sacrifício do filho Isaac. E por sua
obediência, Deus o honrou ainda mais: enviou-lhe outro anjo para lhe anunciar
que a posteridade dele seria multiplicada em quantidade incontável.
Abraão foi grande na sua fé e na sua obediência ao Deus Altíssimo. Logo,
o exemplar aos propósitos do Senhor. Se ele era de muita fé e obediência, a sua
descendência também poderia ser, já que tinha em quem se espelhar. Desde
Abraão, então, Deus nos adverte para sermos íntegros e praticantes da justiça e
da retidão. Foi o que pediu a Abraão, que a sua descendência fosse obediente a Deus para que assim o Senhor cumprisse "em seu favor as
promessas que lhe fez.” (Gn 18, 19).
Esses exemplos são apenas uma amostra das ações de Deus em nossa vida, mas bastante reveladora de que a visita
de um anjo somente ocorria a pessoas que viviam em obediência a
Deus. Não eram as pessoas que pediam a Deus que lhes enviasse um anjo. Era Deus
que os enviava segundo os seus desígnios e de acordo com a necessidade da pessoa, como no caso de Abraão, Maria e
Isabel; ou conforme o desejo ou a necessidade e a fé da pessoa expressa em oração, como no
caso de Tobit e Sara, no livro de Tobias. Mas em quaisquer dos casos, conforme
a vida em obediência aos preceitos de Deus porque é a nossa ação humana que determina a ação de Deus sobre nós.
DEUS DE JESUS CRISTO
Como vimos na seção anterior, antes de Jesus havia os profetas que
falavam a toda a população indistintamente. Eram ungidos por Deus, inclusive
para falar da sua promessa e da vinda do seu Filho Jesus. Havia também os anjos,
mensageiros de Deus, que falavam a pessoas específicas. Deus os enviava a essas
pessoas com uma missão definida.
Com a vinda de Jesus Cristo, os anjos foram submetidos a ele. Deus prescindiu
dos anjos para enviar mensagens, pois dispunha do seu próprio Filho que falava
diretamente às pessoas; isto é, o próprio Deus, único e verdadeiro, que
assumira a forma humana para estar entre nós e nos ensinar a viver na
observância à sua Lei. Para isso, como Deus humanado, ele se igualou a todos
os homens como Jesus Cristo, menos na sua dimensão imortal e eterna, já que a
imortalidade e a eternidade são próprias e exclusivas de Deus. Jesus Cristo então
foi o próprio Deus entre nós para nos ensinar com seus exemplos de vida a viver
na observância a seus mandamentos.
Deus fez dos anjos então “sopros de vento”, enquanto para Jesus conferiu
a eternidade. Como diz a sua Palavra: o céu e a terra passarão, mas Jesus
permanecerá para sempre. Isto porque ele é o Deus vivo e imortal de todos os
nossos tempos finitos e para todo o tempo infinito. Abaixo dos anjos, ficou então
Jesus-homem; mas com sua Paixão e morte foi coroado de glória e honra,
beneficiando a todos os homens. (Hb 2, 9).
Jesus Cristo nos propõe modos de
fazer na construção da nossa experiência em Deus. Ele nos mostra como nos
conduzir no seu encalço. “Eu sou o Caminho”, isto é, o lugar da nossa
condução, do nosso agir, o caminho por onde devemos segui-lo como
exemplo. Tudo o que ele fez foi para que
o víssemos fazendo e copiássemos o seu modo de agir na obediência a Deus. Tanto que assim ele nos disse: “Quem come desse pão e bebe de meu sangue tem a vida
eterna”. Modo simbólico de nos dizer que quem bebe dessa fonte, quem se instrui em seus ensinamentos, quem faz o que
ele propõe tem a vida eterna. Dá-nos ainda a eternidade como promessa.
Por outro lado, na sua dimensão divina, imortal e eterna, Jesus nos revelou
o Deus Pai que somente podemos conhecer pela fé. O Deus invisível aos olhos ou a
quaisquer outros sentidos próprios da nossa dimensão humana. Mas que ganha
visibilidade e se materializa em nossa vida quando o experimentamos na prática
da fé; isto é, na prática desse conhecimento que nos foi colocado por Deus em
nossa vida desde o início da história da Humanidade com a fé de Abraão e de
seus profetas descendentes, entre eles Moisés.
Antes de Jesus Cristo, os rituais de afirmação da fé em Deus eram feitos
numa tenda, no tabernáculo, contendo a arca da aliança e os demais símbolos sagrados.
Oferecia-se sangue animal em sacrifício pelos próprios pecados e pelos do povo.
Com a vinda de Cristo, esses rituais prescreveram. Em vez do tabernáculo
construído por mãos humanas, a promessa do santuário eterno: o próprio Céu,
perfeito e de construção divina. Em vez do sangue animal, o sangue do próprio Cristo
a nos assegurar redenção eterna a todos os que nele creem.
Por isso, ele se tornou o mediador entre o antigo e o novo testamento. No
entanto, embora se tenham prescrito os antigos rituais de fé, a fé não prescreveu. Pelo contrário, manteve-se como único meio de ascendermos a Deus;
porém, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, como ele próprio nos disse em seu
Evangelho: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida e ninguém vem ao Pai senão por
mim.
Para esse alcance, precisamos ser fiéis a Cristo assim como ele foi ao Pai e é conosco. E ser fiel a Cristo é fazer a vontade de Deus. É isso que nos dar a
“ampla confiança de poder entrar no santuário eterno, em virtude do sangue de
Jesus, pelo caminho novo e vivo que nos abriu através do [...] seu próprio
corpo.” (Hb 10, 19).
Mas somente seguirá esse caminho novo quem não perdeu a fé, quem não caiu na incredulidade. Quem crê em Jesus Cristo e o segue. Quem crê na promessa de Deus e o teme. Antes de Cristo muitos não tiveram fé e desacreditaram; então não alcançaram a promessa de Deus. Com Jesus Cristo, porém, com a Boa Nova, somos chamados à fé para podermos entrar no santuário eterno, desde que não caiamos na descrença como muitos caíram. Tenhamos fé, pois! Ao ouvirmos o chamado de Deus, não endureçamos o nosso coração. Não caiamos na mesma incredulidade dos primeiros povos. Sejamos fiéis. Assim seja!
Você terminou de conhecer mais um conteúdo do Caminho SMF Fé e Política.
Espero que tenha gostado e acompanhe os conteúdos da sequência.
A você, meus agradecimentos.
Deus esteja com você!
Sônia Ferreira
Teresina, 14 de maio de 2021
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