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ERA UMA VEZ UMA SOCIEDADE CORROMPIDA E SEM DEUS
Era uma vez uma sociedade muito
dividida entre ricos e pobres e bastante corrompida. Essa sociedade vivia
longe dos preceitos de Deus e por isso se corrompia. Construiu suas estruturas
materiais e humanas de tal forma a beneficiar os ricos e os manter sempre mais
ricos e os pobres sempre pobres e até cada vez mais. Construiu a polícia como estrutura de
proteção dos ricos e de repressão dos pobres sob a ideia de que eles seriam mais
propensos ao crime. Sob essa ideia os ricos olhavam os pobres com medo e com estranheza
como se fossem gentes de outra espécie e prontos a lhes pilhar. Viviam então entre o medo e a insegurança. Então
construíram muros fortificados como meio de se proteger de possíveis pilhadores.
Mesmo assim, essa sociedade evoluiu muito em ciência e tecnologia. Tornou-se
tão evoluída que as pessoas terminaram se perdendo em meio a tanta evolução. E
se perderam porque o humano não havia se desenvolvido na mesma medida. As
pessoas haviam se afastado de Deus ou nunca procuraram dele se aproximar. Assim
priorizaram a evolução material em vez da evolução humana. Não deram chances
para o humano se aperfeiçoar e crescer em Deus.
Então se perderam porque em vez de seguir os ensinamentos de Deus as
pessoas preferiram continuar com os ensinamentos do mundo. E quem detinha o
conhecimento do mundo era o mercado do capital. Preferiram seguir então os
ensinamentos do mercado de capital, que fez crescer a ciência e a tecnologia
para melhor dominar o mundo. Então as pessoas tornaram os produtos da evolução científica
e tecnológica os seus mais novos ídolos, os seus verdadeiros tesouros, a sua
mais deslumbrante fonte de encantamento. E isso tornava o mercado do capital muito
feliz e as pessoas cada vez mais distantes de Deus.
Satisfeitas com seus resultados, a ciência e a tecnologia não paravam na sua
intenção de tornar as pessoas cada vez mais encantadas com seus produtos. E as
pessoas não paravam de se maravilhar com os avanços crescentes de uma e de
outra. Tudo se recorria à ciência e à tecnologia. Não a Deus. As pessoas
pareciam já não dispor de conhecimento próprio sobre nada e para nada. Só se agia
se alguém da ciência dissesse o que fazer. Só se agia sob os preceitos da
ciência e da tecnologia. Então Deus perdia cada vez mais o seu lugar nessa
sociedade porque não queriam saber do seu saber nem do seu poder.
Tornou-se então a sociedade dos especialistas e das especialistas. Cada
um e cada uma querendo saber mais do que a outra e do que o outro. Cada qual
querendo destacar mais o seu saber. E no meio disso tudo as pessoas cada vez
mais encantadas porque a vida havia se tornado muito fácil e já não se esperava
tanto para satisfazer uma necessidade. Salvo quem não tinha dinheiro. Tudo à
palma da mão e muito rápido. Pelo menos para quem tinha dinheiro. Por isso, os
ricos eram o público preferencial da ciência e da tecnologia porque eram os
primeiros a usufruir dos produtos lançados de primeira mão. Os primeiros e
muitas vezes os únicos. Mas os pobres também seguiam mesmo no arrasto e
exposição de suas carências porque a tecnologia os obrigava de qualquer jeito. Ninguém
podia escapar de seus tentáculos.
No entanto, quanto mais essa sociedade evoluía na ciência e tecnologia
mais as pessoas se perdiam e se degradavam e não se reconheciam como seres da
mesma espécie. Tanto ricos quanto pobres. Os ricos pelos excessos, os pobres
pela carência e desejo de ter. Um desejo cada vez mais potencializado pelo
mercado do capital que criava necessidades inacabáveis para pobres e ricos.
Para isso a ciência e a tecnologia lhe serviam muito bem. Eram as suas
galinhas dos ovos de ouro que não paravam de lançar produtos no mercado com
lucro garantido porque assim assegurava a pseudonecessidade.
E diante das falsas necessidades do mundo as pessoas não sentiam a
verdadeira necessidade de Deus. Não era ele a fonte de encantamento. Não era
ele a fonte de saber e poder. Mas sim o mercado do capital por meio da ciência
e da tecnologia e seus produtos lançados. Inclusive, a potência desses produtos
estava no encantamento, no deslumbramento das imagens e da facilidade de acesso
a novos produtos e a novas possibilidades e estilos de vida.
Essa potência gerou muita satisfação ao mercado do capital porque a um só
tempo e de uma única forma ele ganhou as pessoas por meio de um único produto
de mobilidade e manuseio fáceis. Um veículo na palma da mão e no qual se
conectavam todos os outros produtos e se sabia de tudo e de todos a um toque
dos dedos. Um veículo pelo qual se viam e se ouviam mais as pessoas de longe do
que as de perto.
As pessoas de longe se tornavam desconhecidas, quando já não eram; e as
de perto, invisíveis; também quando já não eram. Mas as pessoas já tinham o
hábito da invisibilidade e da indiferença do outro. Já estavam acostumadas a
não se importar com mais ninguém que não elas mesmas. A evolução da ciência e
da tecnologia apenas acentuou os seus modos muito humanos de viver sem o
conhecimento dos outros, sem o conhecimento de Deus.
Contentavam-se então em ver e ouvir à distância tudo de bom e de alegre,
sorrisos estampados em rostos imagéticos, a felicidade de todo mundo como
extensão da sua própria e do próprio encantamento. Mas sem saber se o que viam
ou ouviam era verdadeiro ou falso porque não percebiam expressões de morte
interior, nem olhar desviante, nem jeito retraído, nem voz sem força, muito
menos gritos de socorro. Apenas o sorriso e o bem-estar saltavam aos olhos. Mas
não sabiam se de verdade ou de mentira.
Mesmo assim, viviam ricos e pobres encantados em seus aprisionamentos
particulares restritos ao campo de visão permitido pelo aparelho na palma da
mão. O isolamento entre eles mesmos os igualava cada qual na sua zona de
conforto ou desconforto. Dentro de casa, as pessoas se isolavam umas das outras
cada qual com seu aparelho sob os olhos, mesmo lado a outro. Os pais perdiam o
controle sobre os filhos porque eles próprios estavam encantados com a
tecnologia. Mas aí tome ciência para lhes alertar. Se pulava alguma coisa fora
do lugar, a ciência estava a postos. A tecnologia também. Então estava tudo
certo.
Quem não tinha esse aparelho não pertencia ao mundo do capital e não era
considerada uma pessoa daquela sociedade. Por isso quase todo mundo o tinha,
ricos e pobres. E quem não tinha procurava ter nem que fosse às custas do
endividamento e até da pilhagem. Mas ter não significava que pobres e ricos
haviam se igualado. Pelo contrário. A diferença e a desigualdade continuavam e
o mercado do capital sabia quem era quem pelos produtos que compravam. Nisso
ele também ganhou, porque sabia o que oferecer para um e outro e assegurar o
seu lucro.
Os ricos iam a mercados e voltavam para casa com uma parafernália de
produtos de limpeza por acreditar que tudo tinha que ser muito limpo e que a
limpeza não era mais alcançada apenas com água, sabão e uma bucha auxiliar. A
ciência e a tecnologia contribuíam com essa compreensão evidenciando a
multiplicidade de bactérias em superfícies para ativar o medo e a necessidade
de mais produtos de limpeza.
Os pobres quando iam a mercados voltavam com alguns produtos da cesta
básica porque não podiam comprar a cesta completa. Mas também não faltavam
produtos de limpeza porque ninguém sabia mais tirar o sujo apenas com água e
sabão e uma esponja de aço. Afinal ninguém mais queria perder as facilidades
oferecidas pelo mercado do capital que sabia muito bem disso e criava cada vez
mais novas necessidades e facilidades.
Assim, enquanto de um lado se vivia no excesso até do ter que ter produto
de limpeza para tudo, do outro se vivia na carência do não ter o que comer. Mas
isso as pessoas não viam, porque o desconhecimento e a indiferença do outro não
lhes permitia ver. Só enxergavam os produtos que o mercado do capital lhes
mandava comprar, os novos lançamentos da ciência e da tecnologia. Enxergavam
também suas necessidades de proteção, porque o medo havia se generalizado entre
as pessoas. Não era mais apenas os ricos com medo dos pobres. Era todos com
medo de todos. As pessoas haviam se tornado cada uma o maior lobo de cada qual.
Por isso, muitas pessoas se fechavam cada vez mais em seus muros
fortificados e em seus carros blindados. Outras tantas jaziam ou choravam no
asfalto sob a mira da pilhagem que as vitimava. E o mundo do capital sorrindo
porque podia lucrar cada vez mais com o medo das pessoas, vendendo-lhes
aparatos de segurança de toda ordem.
Mas tudo parecia bem. A sociedade parecia feliz com os seus avanços científicos
e tecnológicos. As pessoas muito encantadas e seguindo umas às outras em seus encantos.
Tão felizes que não aceitavam nem ouvir falar de Deus. Afinal, para que Deus se
sabiam tudo por seus próprios méritos? E se não sabiam, não tinham à palma da
mão a ciência e a tecnologia para lhes ensinar e lhes mostrar e lhes socorrer
de alguma forma? Então, para que Deus? Inclusive, se fosse para ofender algumas
pessoas bastaria falar o nome de Deus. Não havia ofensa maior.
Então Deus resolveu dar um corretivo a essa sociedade. Chamar atenção das
pessoas para os seus estilos de vida; para ver se saíam de seus encantamentos e
o percebessem; para ver se ao desmoronarem, encontrassem Deus nos escombros.
Então fez um vírus despontar no ar. Um vírus de um olho só, mas com toda a
carga da perversidade do mundo do capital. Um vírus para atingir aquela
sociedade nos seus interesses mais significativos, nos seus usos mais
frequentes, nas suas paranoias mais estranhas, nos seus encantamentos mais
deslumbrantes.
Então o vírus se preparou para o ataque. Ao arregalar o olho, viu que as coisas não estavam nada no lugar. Viu a desigualdade gritante, o isolamento social, o distanciamento entre as pessoas, os excessos por um lado e a carência por outro, o medo entre as pessoas e o desejo de proteção e de limpeza. Viu então que muito poderia contribuir. Piscou o olho repetidas vezes enquanto bradava na virulência do seu poder:
Ah, é limpeza que
vocês querem?
É só da ciência que
vocês precisam?
Ah, é a tecnologia que lhes encanta?
É isolamento que lhes torna felizes?
Ah, andam com medo uns dos
outros?
Pois tomem mais
limpeza!
Pois tomem ciência e
tecnologia!
Mais ciência!
Mais tecnologia!
Mais isolamento!
Mais medo!
Muito mais tudo o que vocês já fazem muito bem!...
E o vírus partiu para o ataque e atingiu aquela sociedade. Sem dó. Sem piedade. Entre uma
gargalhada e outra ele rodopiou no ar e atacou. Obrigou a todas as pessoas a
fazer o que já sabiam fazer muito bem. E o que não sabiam tiveram que aprender muito rápido. E tudo de forma
bastante acentuada. Muito mais! Mais
limpeza e mais produtos de limpeza. Mais medo e mais isolamento. As pessoas
foram confinadas em suas casas e as ruas ficaram vazias. Muitas pessoas
perderam entes queridos. Choraram os seus mortos. Muitas rogaram a Deus! Outras
lamentaram. Mas não se sabe se das que choraram, das que rogaram, das que
lamentaram compreenderam a mensagem do vírus. O certo é que entre choros e
lamentos quem sorriu foi o mercado do capital, que saiu mais fortalecido, que
vendeu mais produtos, que lançou novos serviços e novas necessidades, que gerou
mais ciência e mais tecnologia; que produziu mais encantamentos.
Moral da
história:
O mundo é
realmente um encanto!
Para as mentes
incautas!
Entre Deus e os
ídolos de ontem e os de hoje,
continuamos no
caminho errado das nossas escolhas.
A você,
meus agradecimentos.
Deus
esteja com você!
Sônia Ferreira
Teresina, 07 de agosto de 2021.
Você terminou de conhecer o quarto conteúdo do
Caminho Achados e Trapos.
Espero que tenha gostado e continue
acompanhando a sequência.
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