sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Visitas Domiciliares pelo Projeto ComCarinho Cuidados com a Pessoa Idosa

 

VISITAS DOMICILIARES PELO PROJETO COMCARINHO CUIDADOS COM A PESSOA IDOSA

 

 INTRODUÇÃO

 O projeto ComCarinho Cuidados com a Pessoa Idosa estava pronto para ser implementado. Pronto para sua fase experimental e nela testar sua consistência e ganhar forma. No entanto, apesar de um projeto de baixa complexidade, ele necessitava de pessoas voluntárias na execução das ações. Assim também os demais projetos deste caminho SMF Projetos Sociais.

Esse fato tornava o ComCarinho um projeto ambicioso demais, grande demais precisamente porque requisitava bastante investimento na sensibilização de pessoas para compor a rede de apoio e colaboração. Necessitava principalmente de voluntários e voluntárias para as visitas domiciliares. A questão era como conseguir adesões a algo tão novo quando eu própria não conhecia seus caminhos.

Então decidi iniciar a implementação comigo mesma adentrando a execução de uma das ações. Sozinha eu o iniciaria com as visitas domiciliares. Acreditava que no processo seria menos dispendioso conseguir as adesões necessárias para prosseguir.  Seria também uma forma de eu testar os procedimentos idealizados para as ações junto às pessoas idosas beneficiárias. Afinal, nem sempre o que se idealiza coincide com a realidade para a qual projetamos o nosso ideal.

Então selecionei em minha região de morada quatro senhoras idosas cujas condições de saúde e reclusão social me sugeriam aptas às visitas domiciliares. Seria uma forma de eu adentrar o universo de execução das ações para o conhecer melhor. Inclusive, experimentar os instrumentos de trabalho pensados para aquele fim.

Com essas predisposições, realizei as primeiras visitas com o fim de consulta e aceite de familiares. Duas das três idosas eram meio dependentes, uma das quais devido ao Alzheimer. Viviam sob os cuidados e a responsabilidade de filhas, que aceitaram a proposta sem titubear. As outras duas preservavam a autonomia. Então elas mesmas aceitaram as visitas demonstrando certa satisfação.

Na sequência deste conteúdo, relato essas visitas e os aprendizados gerados. Visitas que de um lado se traduziam em momentos de satisfação e bem-estar não apenas para as pessoas beneficiárias, mas igualmente para mim como visitadora. Também como pessoa.

Por outro lado, visitas que se revelavam verdadeiras sessões de escuta, quando não raras vezes deixei de lado o meu propósito para ouvir queixumes. Era quando percebia o quanto que o silêncio guardado por uma pessoa idosa sabe encontrar escaninhos para se fazer ouvir. Então eu me virava num escaninho somente para ouvir.  Acompanhe!

 

A SENHORA XIS 

Era fim de tarde quando cheguei à casa da senhora Xis. Ela estava na calçada na companhia de filhos e netos. Sentada no mesmo local onde eu costumava vê-la sempre que passava naquela rua àquela hora. Antes mesmo de a conhecer eu já sabia daquele seu hábito de fim de tarde.  Então um dia nos conhecemos por meio dos encontros missionários da paróquia local. Fazia pouco tempo. Pelos encontros, eu passara a visitá-la periodicamente em sua casa. Sempre levava temas religiosos em observância à ação missionária.

Mas aquele, porém, era o meu primeiro encontro pelo projeto. Era a visita de sondagem. A visita na qual apresentamos o projeto, detalhamos suas ações e consultamos a pessoa se ela gostaria de participar. Mas principalmente, a visita que a despeito da consulta percebemos o grau de interesse da pessoa em se integrar à ação proposta. Era o que eu pretendia naquele encontro.

Então a senhora Xis me recebeu com a mesma serenidade habitual. Uma serenidade que aprendi a ver como cautela polida. A cautela que não se mostra na retração. Mas que se evidencia na elegância de um sorriso que não se abre antes que se diga ao que se veio. A cautela que busca no olhar do outro o que suas palavras ainda não disseram. Assim era a senhora Xis aos meus olhos. Elegante no saber ouvir. Polida no saber falar. Cautelosa no entremeio. Era sempre uma satisfação conversar com ela pelo muito que eu aprendia com o seu jeito de falar e de ouvir.

Então ela me ouviu a todos olhos. Atenta como sempre. Até parecia que seus ouvidos não eram suficientes para captar o que eu falava. O olhar aguçado lhes complementava com o brilho que somente o interesse explicava. Eu lhe falava do projeto ComCarinho, uma iniciativa pessoal sem ligação com a ação missionária. Explicava como seriam as visitas domiciliares, o que elas propunham. No final, a pergunta que não poderia faltar: a senhora gostaria de ser visitada?

Então a vi declinar a cabeça rumo à calçada. Seu olhar vagueando como a buscar uma resposta que não lhe estava pronta. Somente então perguntou se eram muitas as pessoas a realizar as visitas. Então eu a tranquilizei, afirmando que seria somente eu a visitante. Pelo menos naqueles encontros iniciais. Explicou que sua preocupação com o número de pessoas decorria do seu constrangimento quando sua casa fora selecionada para um evento da comunidade. Informaram-lhe que seria poucas pessoas, que ela não se preocupasse, pois organizariam tudo. No dia, nada teriam organizado e ela se sentira muito constrangida com o fato.

Mais uma vez ela manifestava sua preocupação com a quantidade de pessoas em sua casa. Noutras ocasiões, já me revelara não se sentir bem ao receber muitas pessoas. Referia-se aos cuidados com o marido e ao fato de não dispor de pessoas que se responsabilizem com os preparativos da casa para poder receber. Eu já era ciente desse seu receio. Através da missão missionária, ela o revelava sempre que eu propunha um encontro em sua casa.

Este conteúdo está incompleto. Aguarde por gentileza a continuação na próxima postagem.

A você, meus agradecimentos!

A Paz esteja com você!

Sônia Ferreira

Teresina, 29 de outubro de 2021.


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