Veja neste conteúdo como a ideia bíblica de próximo associada ao cuidar do outro nos remete ao ideal de bem comum e estabelece a conexão entre Deus e Política por meio desse ideal. |
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DEUS E POLÍTICA NO CUIDAR DO OUTRO
DO PRÓXIMO BÍBLICO AO BEM COMUM
INTRODUÇÃO
A ideia de próximo na Bíblia Sagrada e a de bem comum
na política integram dois conceitos que se complementam e se constituem como
pontos de conexão entre Deus e política. Tanto um quanto o outro sugerem o
cuidar do outro como fim das nossas ações. Pela ideia de próximo, o próprio Altíssimo
nos coloca essa responsabilidade: o cuidar individual de uns com os
outros. Pela ideia do bem comum, a política
assume esse ideal divino de se cuidar do outro. Neste caso, porém, de forma
coletiva por meio das estruturas governamentais de atendimento à coletividade.
Veja nas seções seguintes a relação entre esses dois conceitos
de forma mais acentuada.
DEUS E POLÍTICA: CONCEITOS INTRÍNSECOS À NOSSA CONDIÇÃO HUMANA E À VIDA EM SOCIEDADE
Política
é um conceito bastante amplo, embora não tanto quanto o de Deus, porque quando
se criaram as primeiras ideias a seu respeito, as de Deus já iam longe. No
entanto, tem com o conceito de Deus a similaridade da ignorância de muitos e da
rejeição de muitos outros. Ignorância e rejeição que concorrem para o nosso
afastamento de questões centrais à nossa vida pela falta da experiência em Deus
e da experiência em participação política. Também contribuem para a negação de
Deus e da política como dimensões centrais da vida humana.
No
entanto, a despeito da negação e da ignorância de uns e de outros, tanto o
conceito de Deus quanto o de política são intrínsecos à nossa condição humana e à nossa vida em sociedade.
Não há como prescindir deles, posto que estão em nós independentemente da nossa
vontade. Somos partícipes das ideias que esses dois conceitos imprimem sobre
nós. Somos instituídos e inseridos nas suas ideias num grau maior ou
menor. Quer queiramos quer não. Vamos
ver?
Do conceito de Deus, vejamos a ideia do Deus criador de
todo o Universo. Neste, o homem e a mulher como a criação divina de maior
importância e para a qual o Criador destina toda a sua atenção. Essa ideia sugere
a compreensão de que toda a racionalidade divina gira em torno do homem e da
mulher, precisamente porque criados para se desenvolverem à imagem e à
semelhança de Deus. Essa racionalidade insere a todos e a todas, uma vez que
estamos a serviço da obra de Deus Criador, que nos mobiliza como instrumentos seus
na vida uns dos outros.
Do
conceito de política, vejamos a ideia de vida em sociedade: o viver sob regras
que nos inserem a todos como partícipes das relações sociais instituídas.
Relações essas que nos colocam na relação uns com os outros de forma
interdependente e necessária. É no campo político que essas relações se
instituem e se naturalizam como condição para a vida em sociedade conforme as
suas regras e os seus valores.
Como
visto, essa condição nos insere a todos pela dimensão política intrínseca à
nossa condição humana. Como humanos, somos naturalmente seres políticos. Como
tais, necessitamos uns dos outros para a nossa construção e afirmação humanas.
Essa necessidade torna imprescindível o cuidar do outro como cuidado de si, de
modo a tornar possível a nossa própria sobrevivência e a nossa construção como
pessoa humana. É sobre esse cuidado de que trata a seção seguinte. Veja!
O PRÓXIMO BÍBLICO E O BEM COMUM NO CUIDAR DO OUTRO
A ideia
do cuidar do outro nos remete a duas outras ideias acerca dos conceitos de Deus
e de política. Em Deus, a ideia bíblica acerca do próximo. Na política, a
ideia de bem comum. Pela primeira, são vários os relatos bíblicos a nos
sugerir a importância do outro – o nosso “próximo” – para a nossa vida:
“Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos
ofenderam” (Mt 6, 12)
“Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles.” (Mt 7,
12)
“Amarás teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19, 18).
São
relatos reveladores da centralidade dos cuidados com o outro como expressão do
amor fraterno. Amar é cuidar do outro como cuidar de nós mesmos. Cuidar do
outro é o que nos sugere Deus como fim das nossas ações. Inclusive, o próprio
Jesus Cristo nos diz em seu Evangelho que ninguém demonstra maior amor do que
aquele que dá a sua vida por amor a outro.
Assim, diante
de Deus não somos importantes por nós mesmos, mas o somos apenas à medida que
atribuímos ao outro, ao nosso próximo, a sua devida importância. Essa
compreensão sugere que, para Deus, primeiro o outro, depois nós, mesmo quando a
nossa vida esteja em risco. Pois nesse risco está a nossa abnegação, o nosso desapego à nossa vida em favor da vida do outro.
Essa
compreensão pode ser atribuída também à política por meio do ideal do bem comum. Uma compreensão extensiva, uma vez que o que se opera no âmbito
individual pode ser estendido ao âmbito da coletividade: o âmbito no qual se realiza
o ideal do bem comum.
No entanto, o cuidar do outro nesse âmbito está fora do alcance da capacidade individual ou de um pequeno grupo. Daí a necessidade de uma entidade maior com poder superior que alcance esse ideal. Essa entidade é o Estado, o qual tem como fim assegura a vida em sociedade por meio das estruturas criadas.
Por isso, o Estado somente existe enquanto cumpre a sua
finalidade de assegurar a vida das pessoas por meio da realização do bem comum.
E o bem comum não se realiza senão sob a observância aos princípios que Deus nos sugere em seus ensinamentos.
Entre esses princípios, a honestidade é fundamental, essencial ao respeito ao outro
tanto na sua unidade, singularidade e diversidade quanto no seu direito natural
de dispor dos mesmos meios, bens e serviços disponíveis ao todo coletivo. A satisfação ou suprimento desse direito é o que assegura à pessoa humana tanto a vida quanto o viver com dignidade.
Você terminou
de conhecer o nono conteúdo do caminho SMF Fé e Política.
Espero que
tenha gostado e continue nesta sequência.
A você, meus agradecimentos!
A Paz esteja com você!
Sônia Ferreira
Teresina, 04
de setembro de 2021.
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