A IMPORTÂNCIA DO PROJETO SOCIAL COMCARINHO CUIDADOS COM A PESSOA IDOSA
INTRODUÇÃO
O projeto social ComCarinho Cuidados com a Pessoa Idosa procura alcançar dois
objetivos principais: realizar visitas domiciliares e possibilitar o acesso a
produtos de uso preferencial a pessoas da terceira idade.
Mas embora essas ações
sejam destinadas a pessoas idosas sob cuidados, elas também contribuem
sobremaneira com a pessoa cuidadora. Principalmente: quando uma única pessoa membro
da família se torna responsável pelas ações de cuidados. E mais: quando a pessoa
sob cuidados é dependente por alguma incapacidade ou agravo à saúde.
Veja na seção seguinte as razões pelas
quais considero essa importância.
A IMPORTÂNCIA DO PROJETO COMCARINHO PARA A PESSOA CUIDADORA
Ao longo da minha vida sempre
conheci pessoas que cuidavam de algum ou alguma parente, geralmente pais, avós
ou tios e tias. No entanto, jamais tecera algum significado sobre suas ações de
cuidados. Era algo distante demais para mim. Não sei se pela minha indiferença
ou porque não era chegado o momento. O meu momento de cuidar.
O que sei é que quando chegou a
vez de se cuidar de minha mãe eu disse estou aqui. E foi nesse cuidar que
comecei a tecer meus aprendizados. Inclusive, foi quando enxerguei o cuidador e
a cuidadora de seus pais, mães, avós, tios e tias, irmãs e irmãos, de nossos
entes queridos. Aprendi então a observar as ações de cuidados para além das
minhas. Aprendi a ver a abnegação, a dor, a inquietação, mas principalmente a
satisfação com o bem-estar e a alegria proporcionados à pessoa sob cuidados.
Essa compreensão adveio sem dúvidas de minha
própria experiência de cuidados com minha mãe. A partir dessa vivência,
observei experiências de familiares outros cuidando de seus idosos e suas
idosas em situações análogas à minha. O retrato de uma e outra experiência é
praticamente o mesmo.
No contexto familiar de cuidados,
a pessoa cuidadora se torna sobrecarregada entre pelo menos quatro demandas: as
tarefas próprias da casa, as ações específicas de cuidados, os processos da
vida civil da pessoa e os processos médico-hospitalares. Essas duas últimas
demandas levam a pessoa cuidadora a frequentes ausências de casa para
encaminhar as ações relativas a uma e outra demanda nos órgãos respectivos.
Com a sobrecarga, a pessoa
cuidadora não apenas se abstém de sua vida pessoal, como também não consegue
cuidar da pessoa em toda a sua necessidade. Em tais condições, os cuidados
tendem a se tornar bastante básicos, geralmente restritos à alimentação,
higiene pessoal, administração da medicação e a consultas médicas.
Embora se considerando “tudo sob
controle”, são situações que se verificam geralmente em cenários em que
aumentam as necessidades da pessoa sob cuidados. Logo, aumentam também as
demandas e/ou as preocupações da pessoa cuidadora, pois é ela quem naturalmente
assume a responsabilidade de suprir as necessidades emergentes.
Em se tratando de pessoas
incapazes e totalmente dependentes, aumenta a necessidade de produtos de uso
preferencial, inclusive produtos de acomodação da pessoa à cama e a assentos. O
aumento das demandas tende a afetar as finanças da família, muitas vezes já fragilizadas
pelas próprias condições de saúde da pessoa sob cuidados. Em situações de
famílias de baixa renda, a tendência é não se suprirem certas carências.
No caso de pessoas idosas
saudáveis, geralmente a necessidade é de atenção e interação social. É comum idosos e idosas isoladas e isolados de quaisquer conversações em sua própria
casa. Em situações de sobrecarga da pessoa cuidadora, esses cuidados terminam
sendo mais negligenciados ainda. As visitas domiciliares propostas poderão
suprir um pouco essa lacuna por meio da conversação com a pessoa idosa,
favorecendo a sua interatividade.
É esse o contexto no qual se identifica
a importância do projeto social ComCarinho Cuidados com a Pessoa Idosa. É
considerando essas circunstâncias que o projeto pode trazer benefícios a
pessoas da terceira idade de vida social inativa. As visitas domiciliares e o
acesso a produtos de uso preferencial poderão contribuir tanto com a melhoria
da qualidade de vida da pessoa idosa quanto com o cuidador e a cuidadora familiar
nas suas ações de cuidados.
Oferecer um suporte ao cuidador
familiar ou à cuidadora que lhe assegure alguma ajuda já é um pouco amenizar
suas preocupações com o suprimento de determinadas necessidades.
É sabido que a Lei 10.741/2003
(Estatuto do Idoso) e a Lei 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social)
trouxeram muitos avanços para as pessoas da terceira idade. Inclusive no âmbito
da assistência familiar nos aspectos relativos à saúde da pessoa. Mas lacunas
sempre existem. E uma delas está no suporte ao cuidador familiar ou à cuidadora
para melhor atender à pessoa idosa sob seus cuidados.
Nesse sentido, o projeto ComCarinho poderá contribuir tanto com as visitas domiciliares quanto com a disponibilidade de produtos de uso preferencial à pessoa idosa sob cuidados de familiares. Por isso é muito importante a construção da Rede de Apoio e Colaboração, principalmente com a adesão de colaboradores e colaboradoras, voluntários e voluntárias, pois dessa construção depende a consecução dos objetivos do projeto.
ASSIM SURGIU A IDEIA DO PROJETO COMCARINHO CUIDADOS COM A PESSOA IDOSA
O projeto social ComCarinho Cuidados com a Pessoa Idosa caiu na minha
ideia em 2013, originalmente em meio aos meus cuidados com a minha mãe. Depois
de um tempo de aprendizados com ela, acreditei que poderia contribuir com
outras pessoas idosas igualmente dependentes. Não apenas pensando na
contribuição, mas também no meu ganha pão. Afinal, para cuidar, eu havia ficado
sem renda. Então via naqueles aprendizados uma oportunidade de ganhos.
No final daquele ano, eu considerava a situação de minha mãe sob controle.
Então comecei a delinear um plano de negócio focado em cuidados domiciliares
junto a cuidadores e cuidadoras familiares. No ano seguinte, lancei-me como
microempreendedora nesse ramo, mas tão certa quanto entrei também saí. De um
lado, deparei-me com uma realidade completamente adversa à que eu jamais
imaginara. Por outro, a situação de minha mãe não estava tão sob controle como
eu supunha. A decisão mais acertada então foi recuar logo depois do primeiro
ano. Reconheci que havia me precipitado e que não dispunha das qualidades que
aquele empreendimento exigia de mim.
E o que o ComCarinho Cuidados com a Pessoa Idosa exigia de mim naquele
momento? O requisito número 1 era que eu focasse no lucro. Tudo girava em torno
do lucro, lógico! E nisto estava a realidade adversa. Em meu contato inicial
com uma família cuidadora de seu idoso dependente, deparei-me com uma situação
que me levou a rever os meus objetivos e até os meus conceitos.
Mas o que eu vi? Uma pessoa idosa ela própria necessitada de cuidados,
mas responsável pelos cuidados de outra; pelos cuidados de tudo da casa sob sua
gerência; ainda mantenedora de filhos adultos; completamente endividada e refém
de empregadas domésticas que se revelavam não totalmente compromissadas com
suas tarefas, inclusive negligenciando cuidados com a pessoa idosa sob a sua
responsabilidade.
Aquela família me fez ver que talvez não baste a posse financeira para ter a vida sob controle, especialmente quando se envelhece e doenças se instalam. Talvez não baste uma boa situação financeira para poder pagar o que se lhes cobram por determinados serviços em determinados momentos; ou para dispor dos serviços pelos quais paga, especialmente quando estes se intitulam de acompanhamento domiciliar ou cuidados domiciliares. Como cobrar, então, de uma pessoa que aos meus olhos beirava o desespero?
Essa questão me incomodou sobremaneira. Eu já não tinha certeza se o meu
interesse financeiro era maior do que o interesse de ajudar. Vi então que
estava no caminho errado, pois no mercado do lucro a ética é outra. Então aquela
realidade adversa não era daquela família em relação a mim, mas era
completamente minha, pois me mostrava que eu não me ajustava ao mercado ou pelo
menos que eu não seria feliz nele.
Se esse fato já era suficiente para eu mudar de rumo, havia também a
situação de minha mãe exigindo um pouco mais de mim. Então
Ao constatar que estava no caminho errado, mudei de rumo. Saí da
perspectiva do lucro. Desistindo depois de um ano de iniciado naquele formato,
eu o retomo agora como projeto social voltado à interação da pessoa idosa por
meio da conversação e ao suprimento de necessidades associadas à deambulação e
ao acamamento. Neste caso, um projeto voltado para qualquer pessoa idosa
independentemente da sua condição econômica e social. Através da pessoa idosa sob cuidados, as ações do projeto instituem-se também como uma ajuda à pessoa cuidadora, contribuindo com determinadas ações diárias de cuidados.
A você, meus agradecimentos!
Deus esteja com você!
Sônia Ferreira
Teresina, 23 de julho de 2021.
Você terminou de conhecer o quarto conteúdo do
Caminho SMF Projetos Sociais.
Espero que tenha gostado e acompanhe os conteúdos
seguintes.
Veja o conteúdo anterior: os objetivos do projeto
Lady Miau: a gata guia dos conteúdos deste caminho SMF Projetos Sociais |
Nenhum comentário:
Postar um comentário